Sistemas Multiplex nas Carrocerias de Ônibus

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A evolução do transporte coletivo é ditada pelos avanços da tecnologia. Neste sentido, nas últimas duas décadas, a indústria do ônibus investiu fortemente em tecnologia embarcada, trazendo inúmeras melhorias para as carrocerias, chassis e formas de operação dos veículos.

Sob a perspectiva eletrônica, uma das principais soluções embarcada para carrocerias é o sistema multiplex, criado para auxiliar no controle eletrônico de todas as cargas dos veículos.

Antigamente, os acessórios dos ônibus eram protegidos por fusíveis e acionados por teclas e relês. Dessa forma, se, por exemplo, algum item parava de funcionar, a solução mais comum para esse problema consistia na troca do fusível, tecla ou relê correspondente.

No entanto, com a implementação de sistemas e interfaces eletrônicas, a forma de funcionamento e acionamento também evoluiu.

Criados com objetivo de modernizar o método de acionamento de cargas, os sistemas multiplex comandam os sistemas elétricos dos veículos por meio de painéis intuitivos com comunicação CAN (Controller Area Network).

O sistema é composto por painel de controle (painel de teclas), módulo de chaveamento (ECU) e acionador PWM, os quais permitem o recebimento e envio de informações para todos os módulos presentes no veículo, facilitando a instalação e reduzindo o tamanho do chicote elétrico.

A tecnologia multiplexada passou a ser mais explorada nos anos 2000 e percorreu um longo caminho de aprimoramento, saindo de modelos iniciais ainda analógicos até chegarem nas interfaces modernas que vemos hoje.

Atualmente, o painel multiplex é responsável por todos os acionamentos da carroceria do veículo, como iluminações, sistema de ventilação, abre/fecha porta, liga/desliga periféricos, entre outros.

No campo da manutenção, atua como um facilitador, uma vez que, através de ferramentas como “rasters e interfaces”, é possível diagnosticar, habilitar ou desabilitar funções.

Além disso, os sistemas multiplexados também podem informar ao profissional de manutenção

possíveis erros do sistema elétrico, como indicar que uma carga não pôde ser acionada por algum defeito (equipamento queimado, fio rompido, etc), ou indicar um curto-circuito em alguma saída do módulo, sempre informando qual o módulo, conector e pino está identificando a anomalia.

Outra vantagem é que o sistema é protegido eletronicamente, ou seja, não utiliza fusíveis para proteção das cargas e chicotes, isso significa que, assim que identificado um curto-circuito, basta desligar e ligar novamente a tecla, que o sistema voltará a funcionar normalmente.

Neste sentido, voltando ao exemplo inicial, agora, quando algum item do sistema elétrico da carroceria parar de funcionar, a solução não consistirá mais na troca de um simples fusível, tecla ou relê, sendo, provavelmente, decorrente de problema no sistema multiplex, possível de ser resolvido com reprogramação ou até mesmo substituição de módulo e/ou painel.

A manutenção, portanto, exige profissionais qualificados, com conhecimentos de eletrônica embarcada, programação e ferramentas adequadas, já que que as soluções analógicas não trazem resultados e intervenções equivocadas ainda podem impactar no funcionamento de outros sistemas da carroceria.